Guia Adenomiose

EXAMES:

Os exames mais importantes para o diagnóstico da adenomiose são a Ressonância Magnética e a Ultrassonografia Transvaginal.

  • Ressonância Magnética: A ressonância magnética pélvica (RM) é considerado “padrão ouro” no diagnóstico. Apresenta especificidade e sensibilidade superiores à ecografia transvaginal, tanto na adenomiose focal como na difusa. Considera-se que na adenomiose exista um espessamento da zona juncional, porém não há consenso quanto ao valor a partir do qual se deve suspeitar do diagnóstico. É necessário ter atenção ao fato de que vários fatores podem fazer variar a espessura da zona juncional. Foi proposto como diagnóstico suspeito uma espessura superior a 12 mm e pouco provável quando esta espessura for abaixo de 8 mm, tendo uma área cinzenta entre os dois. A sensibilidade desta técnica varia muito, entre os 46-89% e a especificidade entre os 65-98%.


  • Tabela 3


  • Ultrassonografia transvaginal: Na adenomiose os achados ecográficos podem ser divididos em sinais diretos e indiretos do processo fisiopatológico, que estão enumerados no Quadro 4. Os cistos subendometriais parecem ser o sinal ecográfico mais específico para o diagnóstico. Os sinais indiretos de adenomiose resultam da hipertrofia do miométrio. Pelo menos 3 dos achados do Quadro 4 tornam o diagnóstico de adenomiose altamente sugestivo.

  • Atualmente o IPGO recomenda o exame de ultrassom com preparo intestinal para que se avalie também a endometriose que, frequentemente, está associada à adenomiose. Neste exame, a adenomiose é considerada grave quando compromete mais do que 50% do miométrio.



    A anatomia uterina com adenomiose

    Adenomiose

    *Desenhos originais cedidos pela Clínica Chamié Imagem da Mulher - Dra. Luciana Chamié

    Tabela 4

Outros exames

  • Tomografia computadorizada: o diagnóstico de adenomiose é sugerido perante um útero aumentado, um espessamento do miométrio interno e cistos miometriais. Contudo, não permite uma correta distinção entre adenomiose, miométrio normal e miomas uterinos, tendo pouca utilidade quando usado isoladamente.
  • Histeroscopia: é uma ferramenta de diagnóstico e tratamento, sendo frequente na investigação de casais inférteis e hemorragia uterina anormal. É um exame que permite a visualização direta da cavidade uterina bem como a possibilidade de executar recolha de material para biópsias endometriais. Como apenas as formas severas são visíveis, não tem indicação primária para o diagnóstico de adenomiose, sendo solicitada quando há necessidade de realizar coleta de material para biópsia. Não existem sinais característicos de adenomiose na histeroscopia, porém a presença de um endométrio irregular, com defeitos endometriais (aberturas superficiais), hipervascularização/ padrão vascular alterado e cistos hemorrágicos, são sugestivos da doença (Figura 2).

    Figura 2. Sinais de Adenomiose na Histeroscopia

    Imagem 3


  • Histerossonografia: permite a diferenciação entre a adenomiose focal ou superficial e os falsos espessamentos do endométrio visualizados na ecografia. Pela baixa sensibilidade e especificidade, não é um exame utilizado no diagnóstico de adenomiose. Os achados na adenomiose são espículas com 1 a 4 mm de comprimento do endométrio ao miométrio, e um corno uterino rígido ou dilatado com a imagem de “tuba tracionada para cima”. Permite ainda a distinção entre adenomiose superficial e profunda. Na adenomiose superficial, existe continuidade entre os espaços císticos subendometriais e a cavidade endometrial inexistente na profunda. A confirmação do diagnóstico por RNM é de 96% quando na histerossonografia há suspeita de adenomiose.
  • Exames laboratoriais: Em termos laboratoriais, ainda não existe nenhum marcador que permita o diagnóstico. Existem algumas publicações sobre o uso do CA-125 na investigação, revelando níveis aumentados em pacientes com adenomiose. Este marcador é limitado, apresentando uma baixa especificidade, uma vez que também se encontra aumentado em outras patologias.

A adenomiose surge muitas vezes associada a outras doenças pélvicas hormônio-dependentes, coexistindo com outra patologia pélvica em aproximadamente 80% dos casos. As patologias que mais frequentemente entram no diagnóstico diferencial são a endometriose e os miomas uterinos, apresentando um quadro clínico semelhante. São também as patologias pélvicas que mais se associam à adenomiose. Miomas afetam 35-55% das pacientes com adenomiose, enquanto a endometriose surge associada em até 70% dos casos.

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